Paralisado, foi assim que Eduardo se sentiu quando ouviu do seu chefe que ele estava demitido. Na verdade, ele nem conseguia lembrar o que mais o chefe falou depois de dizer: “eu tenho que fazer cortes, são ordens do diretor, não posso fazer mais nada, tenho que demitir você e outros colegas!”. Eduardo apenas pensava na esposa, nos filhos, a questão financeira, lembrava dos sábios conselhos dos seus pais de que a vida não era só trabalho, agora ele entendia. Sentia que haviam lhe tirado o chão, sentia todo o peso do mundo sobre seus ombros, o mundo estava desabando e ele estava ali paralisado, não conseguia se mover.
Ele 47 anos e havia trabalhado em 4 empresas, ele nunca havia sido demitido e as sensações físicas e emocionais dessa notícia estavam impactando demais ele. Eduardo foi até sua mesa então, pegou seu celular e ligou para a esposa, o telefone tocou e imediatamente ele desligou. Não sabia o que dizer, muito menos como. Mandou uma mensagem dizendo que não era nada de importante, que iria mais cedo para casa naquele dia e que falava quando ela chegasse.
Depois de fazer a parte burocrática na empresa, pegou apenas algumas coisas e foi para casa. Chegando em casa, desabou, chorou, ficou com raiva, ficou com muito medo, começou então a ver saldo de banco, investimentos, contas que deveriam ser pagas, chorou, teve muito raiva de novo, tinha muito medo de tudo e principalmente do que os outros iriam pensar? Seria ele extremamente incompetente? Seria uma farsa? Ele só conseguia ter pensamentos negativos sobre si mesmo. Começou a se preocupar com a chegada da esposa e dos filhos, tinha que se recompor e pensar em como falar. Ficou muito nervoso, mãos suavam, um calor irradiava por todo o corpo, não sabia o que fazer. Queria acordar daquele pesadelo.
Escuta então o barulho da esposa e filhos chegando e vai ao encontro deles, olha para a esposa e os olhos marejam, tenta se recompor, mas quando abraça os filhos desaba no choro. Um dos filhos seca suas lágrimas e diz vai ficar tudo bem papai. Naquele momento, ele sente uma sensação de paz, tranquilidade. Abraça fortemente os filhos e a esposa. Ela então o abraça fortemente e diz também emocionada que imagina o que pode ter acontecido. Ele sente mais uma vez sensação de alívio, de paz. Os sentimentos de gratidão, confiança e comoção tomaram conta dele. Ele se sente confuso, sente-se com muito medo, cheio de raiva e ao mesmo tempo feliz, acolhido. Que explosão de sentimentos e emoções.
Depois de algum tempo Eduardo conversou a sós com a esposa sobre sua demissão, seus sentimentos, medos e, juntos, combinaram a melhor forma de contar para as crianças o que havia acontecido e planejar os próximos meses.
Com certeza ao ler essa história você se identificou ou lembrou de alguma situação que aconteceu com alguém muito próximo a você!
Existem pesquisas que apontam que a demissão é tida como um dos maiores lutos para as pessoas. Para se ter uma idéia, ela é a segunda da lista, a primeira da lista é perder um ente querido.
O medo que paralisou Eduardo tinha necessidades envolvidas, ele tinha necessidade de aceitação, paz, apoio, respeito, empatia. O que mais deixava Eduardo desconfortável era como seria a reação das pessoas que importavam muito para ele (esposa e filhos) e ao receber o apoio deles, ele se sentiu acolhido, pode confiar novamente nele e em seu potencial.
Eduardo após alguns dias pensando e cuidando de questões burocráticas de sua demissão pode se planejar novamente e criar estratégias para retornar ao mercado.
E como sabia das suas necessidades, todas as vezes que estava exausto, aborrecido ou muito preocupado esperava as crianças voltarem da escola para abraça-las, passar um tempo com elas e sentir-se confiante novamente.