Quando eu recebi o convite para assumir meu primeiro cargo de gestão eu tive uma “pane geral no sistema” (rsss), uma mistura de sentimentos positivos e negativos: felicidade, preocupação, ansiedade, medo, euforia…

Lembro que ao aceitar o convite minha principal preocupação era se daria conta das demandas do cargo, que envolvia uma liderança técnica e de time. Era preciso alinhar as estratégias ao discurso e inspirar o time.

Hoje, avaliando aquele momento percebo que o maior aprendizado naquele período foi de que minha habilidade de OUVIR seria minha maior e melhor companheira. Mas logo percebi que precisaria evoluir muito e de forma constante.

Dentro da teoria U de Otto Sharmer, esse processo é chamado de níveis de escuta e vou dar algumas pinceladas aqui para você. Pois, aparentemente, acreditamos que sabemos ouvir, mas será mesmo?

Segundo Scharmer, temos 4 níveis de escuta:

  1. Recuperação: falamos o que os outros querem ouvir, não falamos o que realmente pensamos, apenas adaptamos nosso discurso, nos conformamos.
  2. Debate: falamos o que pensamos, colocamos o nosso ponto de vista mesmo divergindo com a opinião alheia. Tenho necessidades de defender meu ponto de vista, quero ter “razão”.
  3. Diálogo: falo com o outro me considerando parte de um sistema maior, me sinto integrante de um time e considero mudar minha opinião. Faço perguntas genuínas e reflito sobre esses outros pontos de vista.
  4. Criatividade coletiva: um estado de fluidez criativa com o grupo, onde não é possível dizer quem é “dono da ideia”, é algo criado coletivamente.

Talvez você esteja se perguntando agora: Esses 4 níveis se apresentam numa linha de evolução linear e estática? Ou seja, eu vou subindo para cada um desses níveis (como degraus de uma escada) e permaneço lá ao atingir o nível 4?

Não, ao longo da nossa jornada diária, operamos e alternamos entre esses 4 níveis o tempo todo. O ponto chave aqui é perceber que nos níveis 1 e 2 eu basicamente quero ter a razão e escuto dos outros apenas aquilo que quero ouvir. Como quero ter razão, se alguém me dirige uma pergunta ou coloca um ponto de vista diferente do meu, sinto que esta pessoa está querendo me agredir, me ofender, me desafiar, não sinto como um questionamento apenas para entender a situação.

Nos níveis 3 e 4 eu me envolvo numa conversa mais profunda e reflexiva, me vejo como parte integrante de algo maior e que colabora para algo realmente novo, uma mudança transformacional. Saio a conversa com novas perspectivas.

Enquanto líder é importante revisitarmos constantemente nossos “saberes”, “nossas certezas” e nos dispormos para o aprender contínuo!

Comece a atentar mais sobre seus níveis de escuta, experimente fazer uma reunião onde você exercite os níveis 3 e 4. É simplesmente fantástico e inspirador o que acontece.

SÉRIE: SOU LÍDER E AGORA? NÍVEIS DE ESCUTA
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